terça-feira, 29 de junho de 2010

Engano

Ansiosa para tomar aquela decisão, desde a penúltima aula. Pensava se ligava ou não para ele. Imaginando as possíveis respostas ou diálogos, do que seria, talvez, naquele momento, a ligação mais importante de sua vida, tentando imaginar a voz no telefone, aquela voz, que nem mesmo, ruídos no telefone ameaçava a suavidade que lhe conquistara. Claro que diretamente, seria só uma ligação, não iria mudar sua vida, mas não era esse o sentimento essa altura, o frio na barriga, os olhos no relógio, a hora não passava. O sinal toca. Ultima aula, o momento se aproxima, o numero dele é o primeiro na lista de ligações feitas, não que ela já tenha ligado, mas, as vezes que digitava o número e colocava no ouvido tentando sentir alguma coisa que não sabia o que era, talvez, tentando ensaiar uma falsa coragem para apertar o botão verde. De hoje não passa, a primeira frase já estava ensaiada. Tudo certo, ele pediu para anotar o telefone, então queria que ligasse. Para ela não era fácil aquela situação, todas as duvidas lhe apareciam. Na volta para casa dizia: ”se passar de três toques eu desligo”, não queria incomodar, queria apenas, alegrá-lo, quem sabe convidá-lo para sair ou só escutar a voz, a tão suave voz. Chegou em casa, jogou a bolsa em um canto, o celular já em mãos, trancou a porta do quarto, queria apreciar o momento, digitou o número... Ligou, “chamando Roberto” dizia na tela. Primeiro toque... nada. Segundo toque... Nada. Terceiro toque, o coração batia mais forte, os olhos fechados... Atendem:
- Alô!
- Alô, Roberto?
- Não, Junior.
- Esse não é o celular do Roberto?
- Não.
- Ah! Desculpa, foi engano.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Encontro

-Oi
-Tudo bem?
-Tudo, e você?
-To bem, quanto tempo.
-Pois é, acho que não nos vemos desde a festa da Cris, na chácara.
-É verdade, aquela foi a ultima vez. Mas, você mudou bastante...
-Você achou mesmo? Engraçado, não mexi em nada. (breve sorriso)
-O cabelo, bom... Não sei.
-Mas e aí, como você esta?
-Ah, como sempre, trabalhando, trabalhando, nos dias de hoje não fazemos nada muito além, ás vezes rola um relacionamentinho aqui outro ali, nada duradouro, acho que isso é que move a vida dos solteiros, como nós, esses breves relacionamentos que nos enchem de esperança, mas daqui um mês, mais ou menos, acaba tudo.
-Você tem razão sabia. O que me incomoda mesmo são os encontros depois, fica aquele silêncio, ninguém sabe o que diz como o que esta acontecendo com nós dois, agora.
-Se você não me falasse nada eu não iria comentar, sei lá... A hipocrisia de ainda acreditar que aquela pessoa repara em nós, que, de certa forma, causaríamos algum sentimento de nostalgia, que, por estarmos sentindo queremos que todos sintam. Por mais longo o relacionamento, se houve amor ou não. Acabou. Nenhum dos dois procurou o outro, claro, isso não é prova de que foi bom, mas se durou, houve sexo, mais de uma semana juntos, foi bom.
-Concordo plenamente, mas acho que se estava sendo bom, algum erro teve para ter acabado, nada é para sempre, eu sei, mas, você não acha que poderia dar certo?
-“vivemos disso”, breves relacionamentos, breves palavras, breves lembranças, breves pensamentos e por que não dizer, uma breve vida.
-Poxa! Você sempre me impressionando.
-Imagina! Eu já te disso isso milhões de vezes.
-Então, Acho que é isso, a hipocrisia cotidiana me espera, tchau!
(beijo no rosto)
-Tchau!
-Ah! Teria sim dado certo. Quem sabe um dia?
-Quem sabe...